Thursday, November 15, 2018

A greve é cócó.

A greve de funcionário público é uma prática bárbara, de um nível civilizacional algures entre idade média e um país de terceiro mundo...


A greve era uma forma de luta em que os trabalhadores se uniam e se paralizava uma empresa - privada, causando prejuizo económico - por forma a obrigar os patrões a dar melhores condições de trabalho aos funcionários, em regra explorados e mal pagos.

Eu sou a favor desta greve, desta luta, desta negociação. Fruto dessa negociação e da capacidade das partes em chegarem a um entendimento mútuo, todos saiam a ganhar. Empresa volta a faturar e funcionários conquistam melhores condições, limitados e cientes de que a empresa precisa de lucros para sobreviver, para investir, para inovar. Não era tão raro quanto isso haver empresas onde em tempos de crise os trabalhadores aceitavam receber menos para a empresa sobreviver a um período economicamente negativo. A greve era uma forma de a "ganância" dos patrões ser travada pela "ganância" dos trabalhadores. A natureza humana, a necessidade de ter sempre mais a vir ao de cima, a gerar conflito e com a resolução do mesmo, o progresso para todos.





Com as empresas/serviços públicos, criaram-se grupos de interesses que são ao mesmo tempo clientelas votantes, em cima de uma estrutura (estado) que não pode falir, que tem sempre dinheiro.

De repente os trabalhadores viram-se com um instrumento poderoso nas mãos, face a um patrão ao qual (não podendo este falir) é sempre possível exigir mais e mais. E um patrão que, face ao estatuto dos políticos de "patrões temporários", e com interesses para lá dos da dita empresa/serviço, cede sempre por forma a obter benefícios políticos. Quem vier atrás depois que resolva, lançando mão do saco sem fundo que são os impostos.


A greve dos dias modernos (esmagadoramente setor público) passou a ser a luta da "ganância" de trabalhadores (atualmente já beneficiados em relação ao privado), defendida com hipocrisia por partidos ditos igualitários, complementada e não oposta pela ganância (agora elitoralista) dos patrões.

No passado o "patrão capitalista malvado" era prejudicado nos seus lucros. Atualmente a greve afeta "apenas" toda a populaçao que podia e devia usufruir de serviços públicos e deles fica privado (pun intended). O patrão limita-se a lançar mão do dito saco sem fundo (os nossos impostos) para apaziguar essas clientelas votantes.

A natureza humana como já é habitual foi presa da esquerda que tomou para si esta luta dita "justa e igualitária" (e que o era) e assumiu a exploração da ganância, mesquinhez e egoísmo humanos. No limite o dinheiro lá irá acabar (de uma forma ou de outra) e ficamos todos numa bonita Venzuela, com serviços totalmente gratuitos, empregos fabulosos e bem pagos, e subsídios para tudo e mais alguma coisa, mas que só existem na teoria e na demagogia populista, porque na realidade não funcionam (sem luz, sem meios, sem comida para comprar, dinheiro que não serve para nada, enfim, sem nada...). E assim a esquerda alcançará finalmente o seu objetivo de igualdade. Na única forma em que ela pode existir, na pobreza e fome generalizadas.

Voltado ao tema, como em tudo o que toca, a esquerda estragou a greve.

A greve é cócó. Pode ser um cócó bonitinho e fofinho. Mas é cócó.