Existem duas formas de auto-desresposabilização numas eleições.
A primeira é a habitual abstenção. Não o voto em branco, mas a atitude "são todos o mesmo, quero lá saber", e não por lá os pés. Depois acham-se no direito de dizer mal de quem para lá vai, porque não votaram nele. Errado. Não tem direito de reclamar porque não participaram no processo.
Depois temos a segunda forma que é, em caso de dúvida, votar em alguém que se sabe não ir ser eleito. Inconscientemente fazendo o mesmo que quem se abstem. É que depois, quando as coisas começam a correr mal (como invariavelmente acontece em democracia, mas isso é outro assunto), fica mais fácil dizer (e convencer-se) que "por isso é que eu não votei nele". E sentem-se confortavelmente desresponsabilizados de tudo.
Notem que não falo de quem vota em outros partidos que não os dois com eleitorado suficiente para formar governo por questões ideológicas. Esses eleitores têm personalidade, convicções.
Falo de alguém que diz: "O Sócrates é um mentiroso, nele não voto, mas o Passos Coelho... tenho medo" e vai votar... outra coisa qualquer. Que, sinceramente, não interessa, porque não vai fazer nada.
Isto é alguém que quer mudança (que não ganhe o PS, ou especificamente o Sócrates), mas não tem coragem de a assumir.
Sim porque a mudança, o factor novo, alguém que ainda não governou Portugal, chamam inexperiente. A quem já lá esteve (pelo menos dos submarinos devem-se lembrar) apelidam de "factor novo" ou alternativa.
Sinceramente, se não votam num partido por convicção ideológica ou por acreditarem num programa, não dispersem. Tenham coragem... não se desresponsabilizem do acto eleitoral, votando em quem sabem à partida que não irá formar governo.
Pelo menos quem vota Sócrates é coerente, e vota para ganhar.